A revista online Friday RockShow realizou uma entrevista com Barry Kerch, na qual ele falou sobre a turnê, sua vida pessoal, as músicas da banda que fazem parte de trilha sonoras e até sobre o vício de Brent.
Confiram:
FR: Essa foi sua primeira aparição aqui no Reino Unido depois de alguns anos. Como a turnê está indo?
BK: Está indo muito bem, como você sabe começamos a turnê na Alemanha antes de vir para o Reino Unido e estamos explodindo. Estamos melhores do que estivemos em anos, todos estão felizes, saudáveis e prontos pra sair e fazer shows de novo. Como você deve saber, levamos cerca de um ano e meio para escrever o álbum novo e nesse tempo estávamos nos coçando pra sair e fazer um show de novo.
FR: Eu gostaria de falar sobre algumas canções, que eu pessoalmente gosto, e como elas foram escritas. Primeiro sobre Bully.
BK: Bully veio com Zach e Brent em uma sala tentando escrever uma música nova e Zach estava enrolando com sua guitarra e o rift principal meio que saiu e Brent gostou e disse pra ele tocar de novo. As letras vieram de estados onde o bullying é uma questão muito discutida. E sendo um bando de pequenos músicos, nós crescemos sofrendo bullying também. Eu acho que isso vem com o território e era uma coisa pra falarmos na música e é disso que ela veio.
FR: E a que é, possivelmente, minha favorita: Sound of Madness.
BK: Agora no tempo de Sound of Madness, e lembrando daquela época, foi realmente uma loucura para nós. Estávamos passando por mudanças, Brent estava superando seu vício. E eu tive uma filha, isso foi loucura! E o som da loucura era tudo: desde os fãs até acordar de manhã com o meu bebê chorando. E foi loucura e realmente, loucura pode ser uma coisa linda e ao mesmo tempo uma coisa muito doida.
FR: E sobre o álbum novo, Amaryllis. Há alguma faixa que você goste muito?
BK: É difícil dizer porque são todas como nossos bebês. Colocamos muito sangue, suor e lágrimas não só nesse álbum, mas em todos eles e você, esperançosamente, cresce não só como compositor, mas como músico também. Eu amos todas elas, mas Amaryllis, hoje, se destaca para mim.
FR: Como banda, vocês realmente conseguem fazer as baladas se destacarem e criar vida.
BK: Eu acho que isso tem mais a ver com Brent, ele tem uma voz tão incrível que ele consegue fazer isso com elas muito bem, e ao mesmo tempo tem vocalistas lá fora que não conseguem cantar como ele.
FR: Com que idade você começou a tocar bateria?
BK: Eu tinha 7 anos. Ganhei minhas primeiras baquetas e um livro, aí treinei com as baquetas por uns três anos até ganhar minha primeira bateria. E meus pais me deram minha primeira bateria, era uma Tama spring star, era branca. Eu nunca vou esquecer aquela bateria, eu toquei nela durante todo o tempo de faculdade.
FR: Qual foi o primeiro grupo que você entrou como baterista e como você se tornou o baterista do Shinedown?
BK: Eu tinha 13 anos e comecei uma banda chamada Polytacktle com alguns amigos da escola. A banda era uma banda cover de jazz e nós tocávamos em alguns bares, minha mãe era minha roadie e ela era a melhor roadie porque você não pode estar em um bar com essa idade. Eu tinha me formado na faculdade e tocar bateria não estava funcionando pra minha banda então me mudei de Jacksonville pra Orlando e comecei a trabalhar como biólogo nos lagos da Flórida. Eu estava brincando com cobras e lagartos, era um ótimo emprego; mas não era minha paixão como a bateria é. Meu irmão, que é DJ, me chamou e disse que tinha ouvido alguns demos de um garoto que tinha uma voz muito boa e disse pra eu escutar. Então eu liguei pra ele e disse que gostaria de ser ouvido. Eu estava tocando na primeira gravação de 45. Foi gravada com a minha bateria velha e ultrapassada, mas tinha a vibração. Então, 45 e Last Raider foram as primeiras músicas que me ouviram tocar numa audição. Eles guardaram 45 e colocaram no primeiro álbum. Brent e eu estamos juntos desde que isso aconteceu, somos como irmãos.
FR: Quando falam de turnês, qual você prefere: concert halls ou festivais?
BK: Ambos tem coisas únicas e especiais. Eu prefiro muito mais os concert halls que os festivais porque você sabe que as pessoas estão lá só pra ver você. Gosto de festivais porque você pode ver muitas bandas ótimas, mas ao mesmo tempo, podem ser quentes, estressantes e tentar achar um banheiro não é a melhor coisa do mundo.
FR: O que você gosta de fazer no tempo livre?
BK: Eu adoro passar um tempo com a minha família. Tenho uma filha de um ano e isso mudou todo o meu mundo. Eu gosto de cozinhar, fazer cerveja e gosto de trabalhar no jardim, ficar todo sujo e cuidar das minhas plantas. Descobri um amor por bambu e comecei a criar vários tipos dele.
FR: Deve ser difícil ser pai de uma menina de um ano e ter que deixá-la quando você está em turnê. Tem horas que você quer ver uma foto ou mesmo vê-la?
BK: Absolutamente. Tem horas que você falha tentando não sentir saudades, e é realmente difícil, mas depois você percebe que está fazendo o seu melhor pra sua família, pra ser capaz de pagar as contas e a hipoteca. Mesmo assim, eu tenho a melhor profissão do mundo, eu amo o que faço e consigo conhecer o mundo todo. Pessoas vem pra me ver agir como um bobo no palco por duas horas, mas é no tempo entre os shows que fica difícil. Mas com a tecnologia, eu consigo ver minha filha pelo skype, e ela me reconhece! Mas nada é melhor que ganhar um grande abraço.
FR: Como banda, vocês gravaram algumas faixas pra trilhas sonoras de alguns filmes. Vocês tem planos para mais?
BK: Nós adoramos fazê-las, mas não temos nada planejado no momento porque são eles quem procuram você. Por exemplo, Diamond Eyes foi feita porque Stallone nos procurou (somos a banda preferida da filha dele) e pediu que fizéssemos uma música com "Boom Lay Boom Lay Boom" no meio. Nós pensamos "como é que vamos encaixar essas palavras numa música?" mas de algum jeito, fizemos funcionar. Foi a mesma coisa com o filme Alice no País das Maravilhas. A Disney nos chamou pra fazer uma faixa. É interessante, porque as ligações podem vir enquanto você está na estrada.
FR: Entre a turnê lá nos EUA e aqui na Europa, há muita diferença entre os fãs?
BK: Oh, Deus, sim! Os fãs aqui do Reino Unido ouvem muita música e uma vez que eles gostam de uma banda, estão com ela pra vida. Enquando isso, nos EUA, os fãs vão ver você um dia e no outro não porque eles acham que os ingressos estão esgotados. Não que não tenhamos fãs loucos por nós lá, porque temos fãs maravilhosos. Aqui no Reino Unido e na Europa é legal escutar estilos diferentes de músicas, mas nos EUA você escuta rock e nada mais.
FR: Como banda, vocês escutam vários tipos de música?
BK: Sim. Acho que cada um escuta o que considera boa música e isso faz de você um melhor escritor. Eu lembro quando a Lady Gaga estourou, Brent era viciado nas músicas dela e era tudo que ele tocava. Quando você escuta uma música você se pergunta o que faz ela ser legal, e sendo músicos, escutamos todos os gêneros de música.
FR: Brent se envolveu em um vício poderoso e superou-o. Como isso afetou a banda?
BK: Foi difícil. Brent era um viciado descontrolado, você sabe o tanto de drogas que ele consumia. Eu ainda estou chocado que ele esteja vivo. Todas as vezes que ele teve uma overdose e todo aquele licor, foi difícil pra todos nós. Mas ele superou e eu acho que foi o amor que o tirou daquela vida. Agora ele está sóbrio, ele ganhou peso. Seu novo vício está aí todo dia, e estar na estrada é uma maneira de cair dentro dele de novo.
FR: Antes de entrar no palco, há algum ritual que a banda faça pra entrar no clima?
BK: Claro! Mais ou menos uma hora antes de algum show, toda a banda se reune e nós temos o que chamamos de "dodo time". Isso veio de um assistente de palco que estava conosco havia uns oito anos. Eu e ele sempre tomávamos cerveja antes dos shows e ele falava "oh dododo" se tivesse uma cerveja boa. E isso virou o dodo time, é um ritual para a banda e aqueles que fazem parte disso. Uma vez que você é parte disso, você não pode esquecer. Então todo mundo toma uma cerveja e grita do fundo dos pulmões DO DO DO em um fôlego só e aí é hora do show e estamos prontos pra isso. Não pode esquecer. Não importa se tudo na frente de casa vai pro inferno, você precisa largar tudo pelo ritual, porque se você esquecer, não poderá fazer de novo. Mas toda banda tem um ritual, é assim que entram no clima.