No início da pandemia, Eric Bass, baixista da banda, começou a se referir aos Estados Unidos como "Planet Zero" (Planeta Zero).
"Esse era o meu apelido", Eric, acompanhado pelo vocalista Brent Smith, disse à Billboard via Zoom. "Parecia que havia zero inteligência, zero tolerância para a opinião de qualquer pessoa, zero responsabilidade, zero por qualquer coisa. Nós meio que olhamos um para o outro e pensamos: 'Vamos escrever uma música sobre o que está acontecendo no planeta zero.".
Hoje, o Shinedown lançou o single juntamente com o lyric video e volta aos palcos hoje em São Francisco. A música pesada deu contexto e foco para um álbum inteiro, também intitulado "Planet Zero", que será lançado em 22 de abril pela Atlantic Records. Bass produziu 13 músicas, assim como fez no álbum antecessor, Attention Attention (2018), a direção contou com um alto conceito sobre assuntos sociais durante os últimos 22 meses, incluindo as dificuldades de viver uma pandemia, as armadilhas das mídias sociais, saúde mental, divisão política, mídia partidária e cultura do cancelamento.
"Há muito o que revelar com o álbum", explica Smith, "Mas, em última análise, este é um álbum sobre puxar a cortina para trás. Quando começamos a escrever, ficamos tipo, 'Fazemos o método da bola de cristal… como tentar escrever daqui a três anos, porque nem sempre será assim, certo? Vai melhorar.' E, no final das contas, o que aconteceu foi que as coisas simplesmente não estavam melhorando e estavam ficando ainda mais divisivas. Sempre fomos uma banda honesta, então era impossível não escrever sobre o que vimos acontecendo… essas narrativas que estão sendo empurradas e estão apenas nos dividindo. Nós sentimos que é realmente perigoso.".
Bass acrescenta que "Planet Zero" e sua faixa-título são "Um vislumbre do futuro se continuarmos com a maneira como estamos tratando uns aos outros. Este álbum é um aviso, de várias maneiras, para todos. Não é um álbum para a direita e nem para esquerda... para negros, brancos, asiáticos, hispânicos. É um álbum para todos nós. Existem muitas músicas realmente inspiradoras, com muita humanidade nelas, mas é um vislumbre de um futuro em potencial e é um aviso de que se não começarmos a ver tudo através de lentes humanas… estaremos indo para um lugar muito, muito ruim.".
Shinedown – que também inclui o guitarrista Zach Myers e o baterista Barry Kerch – gravou Planet Zero durante a pandemia, a maior parte dele foi feita no recém-construído Big Animal Studio de Eric em sua cidade natal, Carolina do Sul. O álbum emprega interlúdios de uma personagem distópico, semelhante ao I.A (inteligência artificial), chamado Cyren como narrador para guiar os ouvintes durante as músicas e unir os temas enquanto o grupo ruge em faixas como "No Sleep Tonight", "The Saints of Violence and Innuendo", "America Burning" e "A Symptom of Being Human".
Os seis álbuns antecessores de "Planet Zero" venderam mais de 10 milhões de cópias em todo o mundo e todos ganharam ouro ou melhor – dupla platina no caso de "The Sound of Madness" de 2008. Seus últimos quatro lançamentos estrearam no top 10 da Billboard 200 e o Shinedown é a banda que tem o maior número 1 na parada Mainstream Rock Songs da Billboard, com 16 singles no topo das paradas, mais do que qualquer outra nos 40 anos de história das paradas. "Attention Attention", enquanto isso, foi acompanhado por um filme complementar, dirigido por Bill Yukich, visualizando a exploração do álbum de problemas de saúde mental.
"Eu gosto de ficar desconfortável" explica Eric, que também produziu e mixou o álbum. "Eu sempre quero ouvir algo diferente, sonoramente. Eu tenho que ter um objetivo em cada álbum. Eu gosto de ter um ponto final que estou tentando encontrar. Se eu conseguir, quem sabe, mas estou sempre procurando algo diferente." Brent diz que Eric não queria fazer o que ele chama de 'banda na lata', o que levou a algumas abordagens sonoras diferentes no "Planet Zero", seja uma apresentação "seca" dos vocais ou uma distinta falta de reverberação ao longo do álbum.
"Somos conhecidos por fazer esses grandes álbuns cinematográficos", observa Brent. "Desta vez, dando tudo para os ouvintes, não sobrepondo tantas coisas, tendo muitos efeitos ou coisas desse tipo. Em vez de pegar uma faixa de guitarra e colocá-la, tipo, 12 vezes para torná-la maior, foi mais como encontrar um ótimo som e aumentar o volume do amplificador o mais alto possível. Muda o som do álbum. Isso o torna mais cruel e cru.".
Chegar a esse ponto não foi fácil, no entanto – especialmente para Eric, que Brent diz "não dormiu por um ano" durante o processo.
"Este tentou me matar algumas vezes", reconhece Eric. "Havia muita dúvida, muita dúvida se eu deveria mixar ou não, esse tipo de coisa. Eu tive muito desdém enquanto estava mixando. Mas, no final, acho que é isso que dá sua vantagem. Há muito da minha raiva sobre esse álbum nele mesmo. Não estou bravo com isso agora. Estou muito orgulhoso, mas de uma forma muito real, este álbum foi feito com muito sangue, suor e lágrimas.".
Shinedown estará filmando um videoclipe para "Planet Zero" no final desta semana em Los Angeles com o diretor Charles De Meyer, que também irá dirigir um vídeo para outra música. A banda está planejando o que Brent chama de "provavelmente a campanha de marketing mais ambiciosa que já montamos", e Eric acrescenta que há alguma discussão sobre dar vida à personagem Cyren de alguma maneira.
Shinedown também está planejando um ano inteiro de turnês, com datas anunciadas até o início de agosto na América do Norte e Europa – onde tocará em festivais e abrirá dois shows para o Iron Maiden.
Em 2021, o Shinedown se apresentou algumas vezes, enquanto Smith e Myers fizeram uma turnê como dupla no ano passado e em 2020 para promover os EPs. Mas a banda está mais do que pronta para seu retorno global.
"Todo mundo está muito animado com esses (próximos) shows", diz Brent. "Sabemos fazer turnê, mesmo em meio ao Covid. É um pouco diferente, sim, mas o que não muda é a energia e o que você está lá para fazer pelas pessoas. Sempre fico apavorado antes de subir no palco e me preocuparia se não estivesse nervoso porque isso me deixa saber que estou vivo. Mas uma vez que você pisa no palco, o mecanismo assume o controle e a memória muscular se inflama. Estamos prontos para ir"..